Nestes lugares, os descobrimentos são explicados como meros processos de “expansão de território”, que representou momentos gloriosos de suas respectivas jornadas.

Nestes lugares, os descobrimentos são explicados como meros processos de “expansão de território”, que representou momentos gloriosos de suas respectivas jornadas.
Num país de maioria branca os negros veem-se logo, mas ninguém repara quando não estão. E não estão em muitos sítios: no Parlamento, nas TV, nas profissões “boas”, nas universidades, nos governos. Uma invisibilidade invisível que a ONU quer combater com a proclamação da década dos afrodescendentes, 2015/24; um apartheid informal que cada vez mais negros portugueses denunciam e tentam “furar”. Vai ser agora, com a terceira geração, dizem
“Tive uma professora negra na escola primária.” A frase de João é recebida com espanto. “Sério?”;”Nunca tive”;”Que sorte”. Estamos na sala da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde decorre o período de debate após uma conferência da socióloga Cristina Roldão, intitulada “Perpetuação do Colonialismo: Afrodescendentes e o Acesso ao Ensino”. A investigadora do ISCTE, ela própria afrodescendente, veio falar do que denomina de “racismo institucional” e cujas consequências no percurso dos alunos negros estudou com o colega Pedro Abrantes num trabalho pioneiro, apresentado há um ano. E no qual se conclui que a escola portuguesa discrimina os estudantes negros, mais vezes chumbados e encaminhados para cursos profissionais do que os colegas brancos, mesmo quando a origem socioeconómica é a mesma.